Valente Burro Sansão
(José Geraldo Silva)
Somos como o Burro Sansão:
Neste diversificado país abençoado
Que tenta ser forte e não consegue reagir
Diante de tão brava situação
Que diariamente vive a enfrentar;
Em que impera a demagogia
Tanta loucura que faz surgir
Por aqueles que vivem a primazia
De só arrecadar, encher as algibeiras
Tomando as rédeas de quem tem pouco,
Encabrestando até quem não tem nada!
Somos como o Burro Sansão
lutamos com tanta fortaleza,
Com a declarada certeza
Suor, sangue derramado em vão
Neste país banhado pela ilusão
Onde quem faz honestamente, faz para
perder...
Ao custo da imposição entregar
Enquanto quem nada fez, tudo tem;
Tem força de apoderar, querer
O que não lutou para ter!
Sonho realizado - alto poder!
Roubos daqui, roubos de lá...
Falta emprego, saúde, educação;
Transporte é pura indeterminação,
Domínio emblemático nessa confusão
Derrota qualquer um, até o Burro Sansão!
Que, mesmo com tanta força que tem
Ressente-se por não fazer tão bem
Prosseguir a caminhada nesse lamaçal
Porque a sua luta tem sido em vão,
Ao deparar dia e noite com a corrupção...
Ativo, valente, inteligente animal!
Mas ao apreciar como é dominado
E que até o capim lhe é tirado
Burro Sansão sofre, relincha, sente-se
enfraquecido
Tomado pela “incondição” de viver o real
Cabisbaixo, calado, contido,
Mas ainda esperançoso a confiar
Que um dia Deus, seu criador, tenha dó
E faça esta situação transformar – para
melhor!
Mostrando àqueles “cegos, surdos, mudos”,
“Abastados milionários” em luxuosos
pedestais,
Que supõem que os seus erros não são nada
demais...
Desgraçando vidas - até ao ponto de um
Burro sentir -
Imaginam-se tão imortais, que jamais
voltarão a ser pó:
O certo destino de
todos os homens e animais!